Atividades de psicomotricidade no Espaço Crescer. |
Na vida intra-uterina o feto já se movimenta, mas na vida extra-uterina as crianças começam a movimentar-se, adquirindo aos poucos maior controle sobre seu próprio corpo, se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo.
Ao se movimentarem, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, aumentando o uso significativo de gestos e posturas corporais. Ao engatinhar, caminhar, correr, pular, brincar etc, elas experimentam novas maneiras de usar seu corpo e seu movimento. O movimento humano, portanto, é mais que simples deslocamento no espaço, constitui-se em uma linguagem que permite as crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo.
As maneiras de andar, correr, saltar, resultam das interações sociais, são movimentos construídos em função das necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas, presentes nas diferentes culturas em diversas épocas da história. Esses movimentos incorporam-se aos comportamentos, constituindo-se assim numa cultura corporal de movimento. Dessa forma, diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo (dança, jogo, brincadeiras, etc), nas quais se faz uso de vários gestos, posturas e expressões corporais com intencionalidade crescente.
A brincadeira é uma necessidade para a criança, que favorece a passagem do período sensório-motor ao lógico concreto. Por meio da brincadeira a criança começa de forma gradativa a operar mentalmente, formando categorias conceituais e relações lógicas, a partir dos símbolos e representações individuais.
Para que as crianças possam exercer sua capacidade de brincar é imprescindível que haja espaços seguros e diversidade nas experiências, principalmente na educação infantil. Neste sentido, é importante que o poder público favoreça espaços, onde as crianças sintam-se acolhidas e seguras, tendo coragem de se arriscar e vencer os obstáculos. Quanto mais rico e desafiador for o ambiente, mais possibilitará a ampliação do autoconhecimento e autoestima.
No ato de brincar, a criança vai estabelecendo diferentes vínculos, necessários ao equilíbrio psicossomático. |
As práticas culturais predominantes e as possibilidades de exploração oferecidas pelo meio no qual a criança vive, permitem que ela desenvolva capacidades e construa repertórios compostos de brincadeiras, que favorecem oportunidades para o desenvolvimento de habilidades motoras.
Ao executar as mais diferentes brincadeiras, a criança vai conhecendo seu corpo e dos demais, progressivamente vai formando sua imagem corporal, e, portanto, seu esquema corporal. Integrando o esquema com a imagem corporal, ela torna-se mais equilibrada em termos psicossomáticos. Pela brincadeira a criança satisfaz suas necessidades presentes à medida que aparecem e vive seu corpo no modo simbólico em relação com o mundo e com os outros.
Por isso, a criança deve ser compreendida como um ser dinâmico, que possui potencialidades e limitações. Suas múltiplas habilidades motoras são utilizadas para expansão de sua imensa energia e a brincadeira é o meio natural de desenvolvimento, comunicação e aprendizagem. Assim, a Educação Física Infantil baseada na prática psicomotora significativa, tendo por base a brincadeira, favorece a cooperação e torna a vida das crianças mais significativa, através da expressividade, da criatividade e do pensamento operativo.
Fonte: Site da Federação Internacional de Educação Física (FIEP)