sábado, 30 de abril de 2016

Ser mãe nos dias de hoje: o lado B da maternidade

Ser mãe parece uma tarefa fácil para quem olha de fora mas o dia a dia de uma mãe é uma batalha de ações e emoções.

Ter filhos é uma das aventuras mais fascinantes da vida. Os filhos nos trazem um aprendizado e um tesouro de amor que nada mais no mundo traz. Ter um filho é ligar-se a um além de si mesmo, é uma conexão profunda com a Criação.
E ser mãe é onde tudo começa.
Mas convenhamos, ser mãe nos dias de hoje não é nada fácil. A Cultura Contemporânea não está para isso. Ser mãe é um desafio agora mais avassalador do que outrora. Pode haver quem discorde, já que atualmente temos a escolha do momento de engravidar, a opção de planejar o número de filhos, os suplementos todos que nos tornam mais aptas a gerar filhos saudáveis. Isso sem falar nas maravilhas das tecnologias médicas para termos bebês com características selecionadas, ou ainda possibilitar essa experiência em situações antes impossíveis.
Porém, os tempos mudaram. Ser mãe hoje implica numa conciliação bastante pesada de diversas funções simultâneas, entre trabalho doméstico, vida profissional e a criação dos filhos. Se antes, no tempo de nossas avós, não existiam as fraldas descartáveis ou papinhas prontas, hoje temos uma pressão cultural sobre as múltiplas facetas da identidade feminina. A realidade que nos circunda ficou muito mais complexa, e com isso nossas cobranças também aumentaram.
Ter filhos é sempre uma experiência desorganizadora, que nos remete a emoções profundas e desconhecidas, guardadas em nosso inconsciente. E como a Cultura em que vivemos afeta ou acolhe nossa trama de subjetividades, há muito o que pensar sobre a vivência da maternidade.
O individualismo excessivo de nossa era faz com que a tarefa de ter, cuidar e criar os filhos torne-se mais difícil. Ao mesmo tempo, as cobranças que recebemos/assumimos para desempenhar esse papel da melhor forma possível diante da enorme quantidade de informações são fonte constante de geração de angústias e ansiedades para a mãe moderna, além das ansiedades da própria condição de gerar filhos.
Hoje também temos novos e diferentes laços familiares, em que nem sempre há uma rede de apoio em casa, como costumava haver nas famílias maiores do passado. Precisamos então recorrer a ajuda de terceiros, como babás ou berçários, e aprender a construir novos vínculos de confiança e solidariedade para dar conta da tarefa.
Não é fácil. Hoje a escolha pela maternidade implica em uma coragem e organização muito diferentes de outros tempos.
Tudo isso contribui para que a experiência da maternidade seja mesmo um enorme desafio. Por isso, parabéns para todas nós.

Por Estela Wonsik, psicanalista, mãe de 4. | Guia do Bebê-UOL

terça-feira, 1 de março de 2016

Psicomotricidade: o corpo em movimento para o desenvolvimento infantil

Atividades de psicomotricidade no Espaço Crescer.
O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana.
Na vida intra-uterina o feto já se movimenta, mas na vida extra-uterina as crianças começam a movimentar-se, adquirindo aos poucos maior controle sobre seu próprio corpo, se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo.

Ao se movimentarem, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, aumentando o uso significativo de gestos e posturas corporais. Ao engatinhar, caminhar, correr, pular, brincar etc, elas experimentam novas maneiras de usar seu corpo e seu movimento. O movimento humano, portanto, é mais que simples deslocamento no espaço, constitui-se em uma linguagem que permite as crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo.
 
As maneiras de andar, correr, saltar, resultam das interações sociais, são movimentos construídos em função das necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas, presentes nas diferentes culturas em diversas épocas da história. Esses movimentos incorporam-se aos comportamentos, constituindo-se assim numa cultura corporal de movimento. Dessa forma, diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo (dança, jogo, brincadeiras, etc), nas quais se faz uso de vários gestos, posturas e expressões corporais com intencionalidade crescente.

A brincadeira é uma necessidade para a criança, que favorece a passagem do período sensório-motor ao lógico concreto. Por meio da brincadeira a criança começa de forma gradativa a operar mentalmente, formando categorias conceituais e relações lógicas, a partir dos símbolos e representações individuais.
Para que as crianças possam exercer sua capacidade de brincar é imprescindível que haja espaços seguros e diversidade nas experiências, principalmente na educação infantil. Neste sentido, é importante que o poder público favoreça espaços, onde as crianças sintam-se acolhidas e seguras, tendo coragem de se arriscar e vencer os obstáculos. Quanto mais rico e desafiador for o ambiente, mais possibilitará a ampliação do autoconhecimento e autoestima.

No ato de brincar, a criança vai estabelecendo diferentes vínculos, necessários ao equilíbrio psicossomático.
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam em conceitos gerais com os quais brinca. Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes. No ato de brincar, a criança vai estabelecendo diferentes vínculos, necessários ao equilíbrio psicossomático.

As práticas culturais predominantes e as possibilidades de exploração oferecidas pelo meio no qual a criança vive, permitem que ela desenvolva capacidades e construa repertórios compostos de brincadeiras, que favorecem oportunidades para o desenvolvimento de habilidades motoras.

Ao executar as mais diferentes brincadeiras, a criança vai conhecendo seu corpo e dos demais, progressivamente vai formando sua imagem corporal, e, portanto, seu esquema corporal. Integrando o esquema com a imagem corporal, ela torna-se mais equilibrada em termos psicossomáticos. Pela brincadeira a criança satisfaz suas necessidades presentes à medida que aparecem e vive seu corpo no modo simbólico em relação com o mundo e com os outros.

Por isso, a criança deve ser compreendida como um ser dinâmico, que possui potencialidades e limitações. Suas múltiplas habilidades motoras são utilizadas para expansão de sua imensa energia e a brincadeira é o meio natural de desenvolvimento, comunicação e aprendizagem. Assim, a Educação Física Infantil baseada na prática psicomotora significativa, tendo por base a brincadeira, favorece a cooperação e torna a vida das crianças mais significativa, através da expressividade, da criatividade e do pensamento operativo.

Fonte: Site da Federação Internacional de Educação Física (FIEP)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Desenvolvendo a autonomia em crianças de 0 a 3 anos

Momento de alimentação no Espaço Educativo Crescer.
Logo que descobrimos que estamos grávidas, a frase que mais ouvimos é “Você cria seus filhos para o mundo….” E na nossa cabeça a gente pensa: "é verdade, mas daqui  a 20 anos e está muito longe ainda…" Mas é aí que vem o engano. Nos primeiros meses, eles dependem totalmente de nós, até que começam a pegar as coisas, balbuciar, engatinhar, andar e falar.

É a partir desse exato momento que devemos ensiná-los a aprender as coisas básicas para esse MUNDO não tão distante.

A criança começou a andar, devemos ensinar a pegar e guardar algumas coisas. Nessa idade, já tenta se alimentar sozinha, o que é ótimo para ela e um desespero para as mães, pois a bagunça e sujeira é tanta que achamos muito mais fácil alimentá-los. CUIDADO, esses são os primeiros erros que cometemos. Muitas vezes é tão cansativo ensinar e repetir inúmeras vezes, que nos deixamos levar pelo cansaço e fazer aquilo que a criança já poderia aprender a fazer.

A criança deixa de ser bebê aos 2 anos e, com isso, já ganha autonomia e assim obtém maior segurança em si própria, o que é muito importante para que ela construa seus conhecimentos e se torne responsável por seus comportamentos e ações.

Desta forma, os bebês estão crescendo, mas, vamos com calma, pois autonomia em excesso – quando os pais deixam a criança explorar por sua iniciativa e sem limites – pode gerar sentimentos de ansiedade, insegurança; o que faz com que ela não se sinta protegida e não compreenda o que pode ou não fazer. Já a autonomia em déficit – a superproteção – não ajuda a criança a ser estimulada para explorar novos horizontes e aprendizagens, podendo deixá-la com medo para adquirir novas experiências.

         Então, para tudo temos que buscar um meio termo, devendo:
  • Estimular a autonomia, fazendo com que a criança explore objetos e construa conhecimento brincando;
  • Auxiliá-la sempre que for necessário;
  • Demonstrar as regras e os limites que se espera.
Sendo assim, uma criança autônoma não é aquela que faz tudo o que quer, a hora que quer, mas sim aquela
Cores e papel estimulam a criatividade do bebê.
que consegue ser e agir, respeitando as regras e os valores sociais. Abaixo seguem sugestões para estimular a autonomia das crianças:
  • Ensiná-las a guardar os brinquedos;
  • Evitar realizar ações pelas crianças;
  • Deixá-la brincar um pouco sozinha, o que estimula a criatividade;
  • Estimulá-la a se alimentar sozinha;
  • Estimulá-la a vestir sua própria roupa;
  • Ensiná-la a tomar água ou suco sem ajuda;
  • Ensiná-la a lavar as mãos.
Lembrando que cada criança apresenta um ritmo e crescimento individualizados; é preciso respeitar esse amadurecimento de cada uma. Acredite: essa não será uma mudança do dia para noite, mas sim em longo prazo. Porém, o resultado será uma criança autônoma e responsável - algo que é bom para a mamãe, mas especialmente para a criança.

por Carla Taranta Tezolin Barion
(Psicóloga, Pedagoga, Especialista em Psicomotricidade)
- Adaptado do site Roteiro Kids